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Vendavais

No período de 2003-2021, 271 municípios foram atingidos por vendavais, o que equivale a 54% dos municípios do RS

Publicação:

A Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE) define Vendaval como sendo um “forte deslocamento de uma massa de ar em uma região”.

De acordo com CEPED/UFSC (2013), vendaval é um fenômeno natural de causa meteorológica relacionado às tempestades, por meio da intensificação do regime dos ventos[1]. Assim, os vendavais normalmente são acompanhados por precipitações hídricas intensas e concentradas que caracterizam as tempestades, incluindo, não raro, queda de granizo ou de neve.

A ocorrência de sistemas frontais (frentes frias), sistemas convectivos isolados (tempestades de verão), ciclones extratropicais, entre outros, pode ocasionar vendavais intensos. Segundo Tominaga, Santoro e Amaral (2009) apud CEPED/UFSC  (2013), danos humanos começam a ser causados por ventos acima dos 75 km/hora[2]. As consequências correspondem geralmente ao destelhamento ou destruição de edificações, tombamento de árvores, postes e torres de alta tensão, causando danos à transmissão de energia elétrica e telefonia; danos às plantações e lançamento de objetos, como projéteis que podem atingir pessoas e animais (LIU, GOPALARATNAM, NATEGHI, 1990 apud CEPED/UFSC, 2013).

De acordo com CEPED/UFSC (2013), no Brasil os vendavais são mais frequentes nos estados da Região Sul. A maior variação se dá em função das estações do ano, quando alguns sistemas atmosféricos são mais frequentes e intensos.

Conforme o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), do Ministério de Desenvolvimento Regional, foram registradas, no Estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2003 e 2021, 419 ocorrências reconhecidas de vendaval e os anos de 2010 e 2017 foram os que apresentaram o maior número de ocorrências reconhecidas no período considerado.

No período de 2003-2021 verificou-se que 271 municípios foram atingidos por vendavais, o que equivale a 54% dos municípios do Rio Grande do Sul. Esse fenômeno natural atingiu municípios em todos os 28 COREDEs do estado e seis municípios foram atingidos pelo fenômeno de 4 a 5 vezes no período: Lagoão, São Borja, Tucunduva, Tupanciretã, Montenegro e Soledade.

Os registros de ocorrências reconhecidas no período 2017-2021 se distribuíram entre praticamente todos os meses do ano, com destaque para os meses de inverno: junho, julho e agosto.

Os danos humanos causados por vendavais, de 2017 a 2021, atingiram 15.160 pessoas, entre mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e desaparecidos. Os COREDEs com maior número de atingidos por vendaval são o Central (5.016 afetados), o Vale do Caí (4.234 atingidos), o Vale do Jaguari (2.111 afetados) e o Campanha (1.007 atingidos).

Um total de 65 municípios apresentou população atingida por vendaval. O maior número de municípios com atingidos está nos COREDEs Central, Vale do Rio Pardo e Fronteira Oeste. Os municípios que apresentaram o maior número de atingidos foram: Santa Maria (COREDE Central, 4.800 atingidos), Montenegro (COREDE Vale do Caí, 2.624 atingidos), São Francisco de Assis (COREDE Vale do Jaguari, 2.100 atingidos) e São Sebastião do Caí (COREDE Vale do Caí, 1.431 atingidos).

As mortes de atingidos por vendaval aconteceram nos municípios de: Caxias do Sul, Venâncio Aires, Sarandi e Taquaruçu do Sul[3]. Os outros atingidos, os quais correspondem a parte mais ampla da população prejudicada pelos eventos de vendaval, chegaram a 1.317.681 pessoas.

[1] Pode ser definido como um deslocamento intenso de ar na superfície terrestre devido, principalmente, às diferenças no gradiente de pressão atmosférica, ao incremento do efeito de atrito e das forças centrífuga, gravitacional e de Coriólis, aos movimentos descendentes e ascendentes do ar e à rugosidade do terreno (CASTRO, 2003; VIANELLO, ALVES; 1991 apud CEPED/ UFSC, 2013).

[2] Na Escala de Beaufort, os vendavais correspondem ao grau 10, com ventos de velocidades que variam entre 88 a 102 km/h e podem ainda se caracterizar como muito intensos ou ciclones extratropicais e como extremamente intensos, furacões, tufões ou ciclones tropicais. Os vendavais muito intensos correspondem ao grau 11 da Escala de Beaufort, compreendendo ventos cujas velocidades variam entre 102 a 120 km/h. Os vendavais extremamente intensos apresentam ventos de velocidades superiores a 120 km/h, correspondendo ao grau 12 da Escala de Beaufort. Causam severos danos à infraestrutura e danos humanos (CASTRO, 2003 apud CEPED/UFSC, 2013).

[3] 2 mortes em Caxias do Sul e 1 em cada um dos demais municípios.

Ocorrências de Vendavais por ano, no Rio Grande do Sul, no período 2003-2021*
*Foram considerados os eventos reconhecidos de tempestade local/convectiva - Vendaval, Vendaval muito intenso e Vendaval extremamente intenso, segundo Classificação do Cobrade. Fonte: S2iD/ MDR

Ocorrências de Vendavais por mês, no Rio Grande do Sul, 2017-2021*

* Foram considerados os eventos reconhecidos de tempestade local/convectiva - Vendaval, Vendaval muito intenso e Vendaval extremamente intenso, segundo Classificação do Cobrade. Fonte: S2iD/MDR

Atingidos por Vendavais* por COREDE no período 2017-2021

*Danos Humanos reconhecidos: soma de mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e desaparecidos. Fonte: S2iD/MDR

Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul