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Hidrovias e portos

O RS apresenta uma importante malha hidroviária concentrada no leste do Estado

O Rio Grande do Sul apresenta uma importante malha hidroviária concentrada nas bacias hidrográficas do Guaíba e Litorânea. Os principais rios navegáveis são o rio Jacuí e o rio Taquari, seguidos dos rios Gravataí, Caí e dos Sinos em menor proporção. O lago Guaíba e a laguna dos Patos são utilizados principalmente para o transporte de cargas através de terminais públicos e privados. Os principais portos públicos são os portos do Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. O RS conta também com 17 Terminais de Uso Privativo¹ (TUPs) em operação, distribuídos nos portos públicos e também ao longo das hidrovias interiores.

Assim como ocorre com o transporte ferroviário, o principal concorrente do transporte hidroviário de cargas no Estado é o transporte rodoviário, ainda que o uso de hidrovias seja mais indicado para a movimentação de grandes volumes em longas distâncias. Mesmo subutilizado, o modal hidroviário é considerado um importante elo da cadeia logística para o transporte de cargas no Rio Grande do Sul, com grande potencial para crescimento, desde que conectado adequadamente por centros de transferência aos modais rodoviário e ferroviário.

A principal rota hidroviária de cargas do Estado encontra-se na laguna dos Patos e no lago Guaíba, entre os portos de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. A hidrovia da laguna dos Patos possui 259 quilômetros de extensão e a do lago Guaíba, 56 quilômetros. Ambas possuem um calado² de cerca de 5 metros. Já a navegação pelas hidrovias da bacia do rio Jacuí se intensificou nos últimos anos com a atividade crescente dos TUPs. A hidrovia do rio Jacuí tem extensão de 225 quilômetros e calado que varia de 5 a 2,5 metros, de acordo com o trecho.

O Porto do Rio Grande, único porto marítimo do Estado, movimenta mais de 90% da carga portuária gaúcha. O cais público, chamado de Porto Novo, tem cerca de 10 metros de calado e 2 quilômetros de extensão, e por isso oferece excelente disponibilidade de atracação para as embarcações. É referência para os países do Mercosul e também o principal elo de multimodalidade do RS, fazendo com que parte dos sistemas rodoviário e ferroviário gaúchos tenham a região como ponto de entroncamento. A multimodalidade do Porto do Rio Grande é um importante fator na redução de custos e no aumento da eficiência logística. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Rio Grande é o quinto maior porto organizado brasileiro em movimentação geral de cargas e o quarto em movimentação de contêineres (dados de jan-nov de 2023). A soja em grão e a celulose foram os principais produtos movimentados no Porto do Rio Grande no ano de 2022, segundo a empresa pública Portos RS. O total de carga movimentada chegou a 37,2 milhões de toneladas no mesmo ano.

Principais mercadorias movimentadas no Porto do Rio Grande (2022)

Fonte: Portos RS

Evolução da movimentação total de cargas no Porto do Rio Grande (2012-2022)

Fonte: Portos RS

A movimentação nos portos de Pelotas e Porto Alegre é bem menos significativa, quando comparada ao Porto do Rio Grande. Pelotas movimentou 1,2 milhão de toneladas de cargas em 2022, especialmente madeira e clínquer. Já Porto Alegre movimentou 780 mil toneladas no mesmo ano e teve como principais mercadorias matéria prima para fertilizantes, cevada, sebos bovinos e sal, segundo a Portos RS.

O transporte de passageiros na hidrovia do lago Guaíba foi retomado em 2011, depois de mais de 50 anos de interrupção³, com a ativação do trecho entre Porto Alegre e Guaíba. Iniciativas de navegação turística também vêm se desenvolvendo nos últimos anos, aproveitando os atrativos cênicos do lago Guaíba e delta do Jacuí. Já a navegação pela bacia do rio Uruguai tem o predomínio da travessia transversal de passageiros, de veículos e de mercadorias por balsas ou outras embarcações menores, embora haja estudos que apontam para as potencialidades de desenvolvimento tanto do transporte regular quanto do transporte turístico.

¹ Terminal de Uso Privativo é um empreendimento cuja exploração da atividade portuária acontece sob o regime da iniciativa privada. Os TUPs são terminais outorgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).

² Calado é a medida de profundidade a que se encontra a quilha da embarcação, ou seja, a distância entre a sua parte inferior e a linha de água. A informação do calado das hidrovias permite o tráfego seguro das embarcações, de acordo com seu tamanho e volume de carga.

³ A travessia por barcas foi desativada no início da década de 1960, depois da construção da ponte do Guaíba e da consolidação da hegemonia do transporte rodoviário sobre os demais modais (FREITAS, 2017).

Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul