Gravidez na adolescência e partos cesáreos
A proporção de casos de gravidez na adolescência no estado é uma das menores do Brasil
A gravidez precoce é, frequentemente, uma situação de risco para a saúde da mãe e do feto. É muito importante avaliar a saúde física e mental da adolescente, pois, normalmente, os casos de gravidez em mulheres com menos de 20 anos não são planejados e, não raro, resultam na busca por aborto ou no abandono do filho. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde - OMS, aproximadamente um terço das mulheres que buscam atendimento hospitalar por complicações de abortos são adolescentes, o que aumenta o risco de mortalidade materna nesta faixa etária.
A proporção de casos de gravidez na adolescência no Rio Grande do Sul é uma das menores do Brasil. Em 2021, segundo o DATASUS, era de 9,6% a proporção de nascidos vivos de mães com menos de 20 anos de idade, enquanto a média do Brasil era de 13,6%. Entre as unidades da federação, o RS está na 24ª colocação, superado apenas por São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal com, respectivamente, 9,3%, 9,1% e 8,7%. No RS esse indicador vem registrando queda sem oscilações desde o ano 2012.
Outro aspecto importante da saúde materna e neonatal é a proporção de partos cesáreos¹. No Brasil, as taxas são extremamente elevadas em todas as regiões, bem acima do preconizado pela OMS, que, já em 1985, defendia taxas entre 5% e 15%, proporção essa reiterada em estudo mais recentes. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)², a cesariana, quando indicada desnecessariamente, acarreta riscos à saúde da mãe e do bebê: aumenta em 120 vezes as chances de problemas respiratórios no recém-nascido e triplica o risco de morte da parturiente durante o procedimento e devido à infecção puerperal. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão associados à prematuridade³ desencadeada pelas cesáreas programadas.
No Brasil, em 2021 o percentual de partos cesáreos era de 57%, enquanto que no Rio Grande do Sul, o sexto no ranking entre as unidades da federação, chegava a 64%, bem superior à taxa brasileira. A proporção de cesarianas se mostrou crescente ao longo do período de 2000 a 2014, tendo atingido, no estado, a proporção máxima de 63%, em 2014. A queda de dois pontos percentuais de 2015 em relação ao ano anterior foi observada em vários outros estados do país e também na média nacional. Conforme o Ministério da Saúde, a redução dos números de partos cesáreos foi consequência de medidas como a implementação de políticas públicas como a da Rede Cegonha e investimentos em centros de Parto Normal; a qualificação das maternidades de alto risco; a maior presença de enfermeiras obstétricas durante o parto e a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar junto às operadoras de planos de saúde. Essa queda não se manteve no ano de 2016 no Rio Grande do Sul, o percentual de cesáreas tornou a aumentar, passando de 61% em 2015, para 62% no ano de 2016. Em 2017 é registrado novamente um aumento no percentual, atingindo 62,5%. Valor esse que se conserva no ano seguinte. Já no ano de 2019 o referido índice volta a alcançar os 63%, até então só registrado no ano de 2014. E, por fim, nos dois anos seguintes, 2020 e 2021, o percentual de cesáreas atinge a proporção máxima de 64%.
¹Cesarianas são procedimentos cirúrgicos idealizados e praticados visando o alívio de condições maternas ou fetais, quando há risco para a mãe, para o feto, ou ambos, durante o trabalho de parto e, em algumas situações específicas, fora dele.
² A ANS publicou resolução para estimular o parto normal na saúde suplementar em 07/01/2015.
³ Prematuridade é definida pela OMS como nascimento antes de 37 semanas de gestação.
Fonte: DATASUS 2021
Fonte: DATASUS 2021