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Apresentação

Os desastres climatológicos possuem a maior participação no RS, devido principalmente aos eventos de estiagem

Publicação:

Segundo Brasil (s/d), desastre é resultado de “eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais”. Os desastres naturais podem ser definidos como “o resultado do impacto de fenômenos naturais extremos ou intensos sobre um sistema social, causando sérios danos e prejuízos que excedem a capacidade da comunidade ou da sociedade atingida em conviver com impacto" (TOMINAGA, 2009a, p.14).

Diferem dos desastres humanos ou antropogênicos, resultantes de ações ou omissões humanas e que estão relacionados com a atividade do homem, como agente ou autor (TOMINAGA, 2009a, p.14).

Nesse subcapítulo abordaram-se apenas os desastres naturais, mapeando-se as ocorrências dos eventos e a sua distribuição e frequência no território do Rio Grande do Sul no período de 2003-2021, com base nos dados disponíveis no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

Consultaram-se os dados, por município do Rio Grande do Sul, presentes no S2iD. A série histórica dos dados do Sistema abrange o período 2003-2021. As informações mais detalhadas, como as de danos humanos e de materiais resultantes dos desastres, estão presentes apenas para o período 2017-2021. Optou-se então por considerar o período de análise dos eventos para o período 2003-2021, com maior detalhamento para o período 2017-2021.

Foram elaborados mapas temáticos, com a malha dos municípios, demonstrando a ocorrência, para o período 2003-2021, e os danos humanos (mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e desaparecidos ), para o período 2017-2021, das seguintes classificações de desastres[1]

  • Grupo: Geológico
    • Subgrupo: Movimento de massa
  • Grupo: Hidrológico
    • Subgrupo: Inundações
    • Subgrupo: Enxurradas
    • Subgrupo: Alagamentos 
  • Grupo: Meteorológico
    • Subgrupo: Tempestades
      • Tipo: Tempestade local/ convectiva
        • Subtipo: Tornados
        • Subtipo: Granizo
        • Subtipo: Chuvas intensas
        • Subtipo: Vendaval
    • Subgrupo: Temperaturas extremas
      • Tipo: Onda de frio
        • Subtipo: Geadas
  • Grupo: Climatológico
    • Subgrupo: Seca
      • Tipo: Estiagem
      • Tipo: Seca

Esses dados também foram agregados por Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs), demonstrando o número total de ocorrências de desastres naturais, através do método coroplético, e os grupos desses desastres, através de gráficos de setores no mapa.

Foram produzidos gráficos de três tipos para as classificações supracitadas: a) freqüência anual de desastres, no Rio Grande do Sul, no período 2003-2021; b) freqüência mensal de desastres, no Rio Grande do Sul, no período 2017-2021; c) número de atingidos por desastres, por COREDEs, no período 2017-2021.

Em relação aos dados de freqüência mensal, optou-se por analisar apenas o período 2017-2021 devido à ausência da data do decreto e da data da portaria para muitos eventos no período 2003-2016. Assim, a utilização da data de publicação do evento no Diário Oficial da União acarretaria em distorções em relação à data em que o evento realmente ocorreu. Para o período 2017-2021, foi considerada a data do registro do evento.

Nos últimos anos, houve uma intensificação dos desastres naturais no Estado, em grande parte, ligada ao aquecimento global. As alterações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) também exercem grande influência na variabilidade do comportamento climático. O fenômeno ENOS - Oscilação Sul, conhecido pelos termos El Niño e La Niña, contribui com esta alteração ocasionando, respectivamente, anomalias positivas e negativas na TSM (BIERHALS, BRAZIL, SOARES; 2018).

No Rio Grande do Sul, no período 2003-2021, foram reconhecidas 4.230 ocorrências de desastres. Os reconhecimentos das ocorrências são demandados pelos municípios junto ao Governo Federal. Devido à origem municipal dos dados e como determinado evento – como uma estiagem em determinado ano – pode atingir inúmeros municípios, pode haver um superdimensionamento dos dados de número de ocorrências. O mesmo ocorre quando se agrega os dados das ocorrências por município para a escala regional, dos COREDEs, havendo maior probabilidade de que uma regional que possua maior número de municípios também possua maior número de ocorrências reconhecidas.

Os desastres climatológicos possuem a maior participação, pois abrangem o tipo estiagem, com número bastante grande de municípios atingidos. Em seguida, os desastres hidrológicos, os quais abrangem inundações, alagamentos e enxurradas, e os meteorológicos, os quais abrangem chuvas intensas, geadas, granizo, tornado e vendaval. Em relação aos desastres geológicos, houve apenas quatro eventos reconhecidos no período 2003-2021.

Em relação ao número de eventos por Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs), no período 2003-2021, o COREDE Médio Alto Uruguai possui o maior número de ocorrências, totalizando 311 eventos (185 do grupo Climatólogico e 78 do grupo Hidrológico). Na segunda posição, aparece o COREDE Norte, com 309 registros (204 desastres climatológicos e 68 hidrológicos). Em apenas quatro COREDES dos 28 os desastres climatológicos não possuem a maior participação, sendo eles: Litoral, Paranhana Encosta da Serra, Vale do Rio dos Sinos e Metropolitano Delta do Jacuí, o que indica que o fenômeno da estiagem não constitui o maior problema para essas regiões. Por outro lado, nos referidos COREDES os desastres hidrológicos preponderam. A metade norte do estado registrou maior número de eventos de desastres naturais em relação à metade sul. 

[1] Segundo Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE). 

Participação dos grupos da COBRADE no número de eventos reconhecidos de desastres naturais no RS 2003-2021

Fonte: S2iD/MDR

Ocorrências de eventos reconhecidos por subgrupos de desastre no RS 2003-2021
Fonte: S2iD/MDR

Número de eventos de desastres naturais, por COREDE e por grupo da COBRADE 2003-2021
Fonte: S2iD/MDR

Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul